Nesta rasa pobreza que ficou
De jardins floridos, de searas
Como espelhos do sol ao meio-dia,
Quem esperaria que nascessem nardos
E que as romãs abertas mostrariam.
Coraçóes lapidados e auroras?
Mas todo o tempo é tempo començado,
E a terra adivinhada, transparente,
Cobre afronte serena e misteriosa
Que torna a sede ardente.
Saramago
*Saramago, José, Poesía completa, Alfaguara, 2005, pp358